Tatuagem e Arqueologia: Nova Técnica de Reconhecimento Anima Cientistas

Nova técnica usada na Arqueologia para descobrir vestígio de tatuagem

Eu sempre fui fascinado por tatuagem e Arqueologia desde o primeiro dia que fui pesquisar a origem da tattoo, e me deparei com várias matérias sensacionais sobre o Ötzi, o (até então) ser humano mais velho tatuado da história, com seus mais de 5300 aninhos de existência e 61 tatuagens pelo corpo! Anos se passaram desde que ele foi descoberto por alpinistas em 1991 nos Alpes de Ötztal, na fronteira entre a Áustria e a Itália, e os cientistas já fizerma vários avanços com pesquisas sobre a vida dele usando novas técnicas de estudo.

Ultimamente tem avançado bastante as pesquisas e estudos também na área da perfuração corporal e Piercing, utilizando as mesmas ferramentas que foram evoluindo ano após ano para desenterrarem a história por trás de objetos milenares. E eu acho que não precisa nem ser cientista pra ficar empolgado com isso tudo, se você for curioso igual a mim, deve estar vibrando igualzinho nessa possibilidade de ainda termos vários achados maneiros envolvendo tatuagem e arqueologia. E vem aí mais uma rodada de otimismo e inovação nessa área.

Tatuagem em culturas milenares

Várias culturas diferentes pelo mundo usam a tatuagem há milênios como forma de marcação hierárquica, amuletos de proteção ou como forma de cura de doenças, e só sabemos isso devido a múmias e restos mortais que foram por sorte nossa protegidos pelo tempo. Mas se até mesmo hoje em dia que temos vários tipos de filtros solares potentes e diferentes, tintas modernas e máquinas de tatuagem que só faltam trabalhar sozinha, nós podemos dar mole e fazer nossas tattoos perderem nitidez e contraste, imagina se tratando de múmias. A tendência às evidências de tinta estarem visíveis a olho nu são pouquíssimas, e isso sempre limitava os cientistas de chegarem ao total potencial de descobertas entre tatuagem e arqueologia.

Antigamente os pesquisadores usavam tecnologias como o Infravermelho para vasculharem por tatuagem nas múmias, que dá pra identificar algumas linhas de tattoo que estiverem pouco visíveis, ou até mesmo revelar alguns desenhos mais escondidos, mas que também tem suas limitações e não consegue distinguir uma mancha de uma tatuagem. Em Janeiro de 2025, cientistas publicaram um estudo no PNAS (site referência em artigos acadêmicos) mostrando que começaram a usar Fluorescência Estimulada por Laser (LSF Laser-Stimulated Fluorescence), e obtiveram resultados animadores pra quem ama tatuagem e arqueologia!

Como funciona o LSF?

Os resultados são então processados para equalização de imagem, saturação e balanço de cores, criando um produto final onde a pele aparece branca por trás dos contornos pretos da tatuagem. Essa abordagem revela as densidades da tinta dentro da própria pele, possibilitando ver por baixo da tinta borrada ou espalhada na superfície da pele, revelando assim as marcações precisas da tatuagem como elas eram. Tatuagem e arqueologia sendo amigas que sentam juntas no recreio!

Basicamente eles manipulam a imagem para que a pele pareça branca e os traços da tatuagem se destaquem em preto. O ponto principal é que essa técnica não mostra apenas o que está na superfície da pele, mas também a densidade da tinta dentro da pele. Isso é crucial porque permite “ver através” de danos superficiais na tatuagem, revelando o desenho original e preciso como ele foi feito. É como uma “radiografia” da tatuagem, mostrando a tinta onde ela realmente está na pele.

Quais foram os objetos de pesquisa?

A equipe aplicou essa técnica a um conjunto de restos humanos naturalmente mumificados da cultura Chancay, uma civilização pré-colombiana que existiu na costa do Peru entre aproximadamente 900 e 1533 d.C. Os Chancay eram um pequeno império que produzia uma variedade de artesanatos (eles eram particularmente conhecidos por seus têxteis, e tinham prósperas relações comerciais com outras culturas na região. Assim como várias outras culturas pré-hispânicas na América do Sul, eles praticavam a tatuagem como forma de ornamentação corporal.)

O estudo de tatuagem e arqueologia analisou um conjunto de cerca de 100 restos humanos atualmente armazenados no Museu Arqueológico Arturo Ruiz Estrada, na Universidade Nacional José Faustino Sánchez Carrión, em Huacho, Peru. Esses restos foram desenterrados em 1981 durante escavações de resgate no cemitério Cerro Colorado, no Vale do Huaura, Peru, perto da cidade moderna de Huacho.

O trabalho demográfico está em andamento, mas a amostra estudada abrange uma variedade de indivíduos, incluindo homens e mulheres e representando diferentes faixas etárias. O datação por radiocarbono ainda não foi realizada em todo o conjunto, mas os indivíduos testados até agora datam do período de 1222 a 1282 d.C. À medida que a estrutura cronológica melhora, os pesquisadores esperam poder dizer mais sobre como as tatuagens Chancay mudaram ao longo do tempo.

Quais foram os resultados das imagens?

Como planejado, a aplicação do LSF a essas amostras revelou detalhes de uma vasta gama de tatuagens. Os mais interessantes foram alguns indivíduos que apresentavam tatuagens incrivelmente finas, com linhas de apenas 0,1 mm a 0,2 mm de largura (mais estreitas que a largura de uma agulha de tatuagem moderna padrão #12 (0,35 mm) talvez feitas com um objeto como um único espinho de cacto ou um osso animal ou dente afiado.

Essas tatuagens compreendiam mais comumente designs geométricos com triângulos, mas outras também foram encontradas, incluindo várias imagens semelhantes a animais. Cada ponto das linhas finas que compunham esses padrões intrincados teria tido que ser colocado cuidadosamente à mão, exigindo imenso controle. O alto nível de habilidade dos artistas e o tempo que deve ter sido investido nessas tatuagens, combinado com o fato de serem relativamente raras dentro da amostra estudada, leva os pesquisadores a sugerir que elas eram restritas a subconjuntos da população, como membros particularmente importantes da sociedade ou aqueles envolvidos em cerimônias específicas.

Outros espécimes apresentavam tatuagens mais amorfas ou mal definidas, mas a LSF ainda foi capaz de definir as características com mais clareza do que era possível anteriormente, aumentando o contraste entre a pele e a tinta. Essas descobertas oferecem novas e valiosas informações sobre o lugar da tatuagem na arte pré-colombiana e na cultura Chancay. Tatuagem e arqueologia trazendo mais pessoas tatuadas das antigas pra se juntarem ao clube!

Como parte do estudo, os pesquisadores compararam as tatuagens com outras formas de arte Chancay e descobriram que algumas das tatuagens ultrafinas são mais detalhadas do que as decorações em cerâmicas, arte rupestre e têxteis Chancay. Isso sugere que talvez a tatuagem deva ser considerada uma forma de arte de igual importância, ou até maior, em relação a esses outros artesanatos.